Partindo
de sua experiência na Escola Balão Vermelho de Belo Horizonte e nos projetos de
Educação Indígena, na formação de Professores Índios, Verônica trouxe sua
contribuição como Pedagoga, enfatizado entre os procedimentos e recursos
didáticos, os Projetos Pedagógicos, enquanto estratégia de planejamento e
efetivação de um trabalho compartilhado, construído em conjunto no dia a dia da
sala de aula e tendo como referência, Fernando Hernández. Da sua experiência
com os índios, seu trabalho de Mestrado, pesquisando a cultura indígena, a arte
como expressão pura, natural, revestida de uma intencionalidade espontânea,
como fator intrínseco no homem, a arte pela arte, observada na Tribo dos
Xacriabás. Expressão esta que Verônica reencontra, no trabalho marcante de
Artur Bispo do Rosário, que ela se inspira para um projeto de sala de aula com
as crianças da Escola Balão Vermelho e que nos relata como exemplo de um
Projeto construído coletivamente.
A
Tribo dos Xacriabás fica no Norte de Minas Gerais, na região próxima a Montes
Claros e do Estado da Bahia, são índios que já estão miscigenados com os
negros, são pobres e moram em casas de pau-a-pique. No seu trabalho, Verônica
pesquisa os jogos de versos e a pintura das casas, que é uma manifestação
artística peculiar e atípica. As casa são caiadas e depois pintadas, decoradas
com flores, figuras do cotidiano, motivos diversos. As mulheres é que fazem
essas pinturas e usam o toá, uma pedra de argila; pintam tanto por fora, quanto
por dentro das casas e todos os anos as pinturas são renovadas, pois quando vem
as chuvas a pintura externa sai. Eles pintam tudo novamente, inclusive por
dentro. Da mesma forma que se utilizam de jogos de verso para casamentos,
morte, etc., pintar as casas também é um ritual onde cada um tem seu papel, os
homens preparam a casa, as paredes, fazem a caiação, as mulheres pintam,
decoram. É neste ponto, que nos encantamos com esse trabalho, pois estamos
diante de uma manifestação de cultura popular muito rica em expressividade. É
poder analisar a arte no seu sentido mais puro e natural, não pela questão
comercial ou mero suporte utilitário, mas pela necessidade de criar, do fazer
artístico, da arte enquanto linguagem de expressão.
Na questão da Pedagogia dos Projetos, discutimos sobre a exposição com
base nas idéias de Fernando Hernandez e na experiência de Verônica em sala de
aula, com crianças e na formação de Professores. Partimos então do princípio
que Projeto Pedagógico é algo programável, construído junto com a turma.
Contextualizando:
Modelo escolar
excludente ð
fragmentação
- Tempo ð grade, séries, bimestre
- Espaço ð sala de aula
- Trabalho ð divisão de trabalho,
individualismo
- Aprendizagem ð lógica, compartimentada
- Sujeitos: Aluno ð folha em branco; Professor
ð executor de tarefa
Modelo escola não
excludente
- Tempo ð cíclico ð organizado conforme o grupo
- Espaço ð todos os espaços são de
aprendizagem
- Trabalho ð construído em conjunto
- Aprendizagem ð é real, tem sitgnificado,
sem limites
- Sujeitos: Professor e Aluno são ativos, participam de todo o processo,
inclusive da avaliação
O que não é Projeto:
- Processo descritivo de um tema;
- Apresentação do que sabe o professor;
- Processo expositivo sem problema e sem fio condutor;
- Apresentação linear de um tema baseada em uma seqüência estável e única
de passos;
- Pensar que os alunos vão aprender o que queremos ensinar-lhes;
- Converter em matéria de estudo o que os alunos querem aprender.
Caracterização
de um Projeto de Trabalho:
-
Parte de um tema ou problema definido com a turma;
-
Inicia com processo de investigação;
-
Critérios de ordenação e interpretação das fontes;
-
Novas dúvidas;
-
Relações com outros problemas;
-
Organiza-se o processo de elaboração do conhecimento que foi conseguido;
-
Recapitula-se e avalia o que foi aprendido;
-
Se conecta com um novo tema/problema.
O que poderia ser um Projeto:
-
Desencadeado por um tema-problema;
-
Predomínio da cooperação – o professor também é um aprendiz e não um
“exper”;
-
Busca estabelecer conexões, questionando as versões únicas da
realidade;
-
Cada processo é singular e trabalha com diferentes tipos de informação;
-
O docente ensina a escutar – do que os outros dizem também podemos
aprender;
-
O que queremos ensinar aos
alunos, há diferentes formas de aprendê-lo (e não sabemos se aprenderão isso ou
outras coisas);
-
Um tratamento atualizado do problema das disciplinas e dos saberes;
-
Uma forma de aprendizagem onde consideramos que todos os alunos podem
aprender se encontrarem seu espaço;
FONTE: Prof ª Verônica/UFJF/FACED/CEARTI/2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário