terça-feira, 26 de junho de 2018

DESENVOLVIMENTO MENTAL

PENSAMENTO – ESTRUTURAS E SÍMBOLOS – PROCESSOS COGNITIVOS
(Segundo Jean Piaget)


DESENVOLVIMENTO INFANTIL – OPERAÇÕES MENTAIS


·        Crianças em diferentes idades constroem o mundo de formas fundamentalmente diferentes das dos adultos;
·        Na infância, as operações mentais e “estados cognitivos” característicos são qualitativamente diferentes;
·        Todo conhecimento deriva das ações humanas sobre o mundo;
·        Piaget investigou os sinais primordiais da inteligência humana durante as primeiras semanas e meses de vida;
·        Os primeiros atos motores e discriminações sensoriais do bebê, constituem as manifestações mais precoces do intelecto;

OPERAÇÕES MENTAIS – MOLAS MESTRAS DO PENSAMENTO

·        ­Segundo Piaget, os objetivos do desenvolvimento incluem a habilidade:
            1- para raciocinar de modo abstrato;
            2- para pensar sobre situações hipotéticas de modo lógico;
            3- para organizar regras – operações em estruturas de nível superior mais complexo.

·        Piaget define como processos fundamentais na atividade intelectual, a assimilação e acomodação, que quando equilibrados, constituem a adaptação ® organização ® estrutura intelectual ® “ato inteligente”
·        Equilibração: compensação para o que é externo ao indivíduo, é uma atividade dinâmica móvel que envolve os mecanismos de:
·        Assimilação: incorporação de dados da experiência externa;
·        Acomodação: Modificação dos elementos dos esquemas pré-existentes para incorporar novos elementos assimilados.

OS QUATRO ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO

·        ­1º Estágio (os primeiros dois anos de vida): INTELIGÊNCIA SENSÓRIO-MOTORA: a criança “conhece” o mundo exclusivamente através de suas próprias percepções e ações sobre ele. No começo da vida, até os dez e doze meses, o conhecimento do bebê é restrito às ações físicas que ele pode desempenhar sobre um objeto.
Ø  O bebê pode sugar o objeto, mordê-lo, agarrá-lo, amassá-lo de várias formas. Contudo, carece de qualquer entendimento dissociado de suas ações, e, uma vez que o objeto esteja fora de seu campo de visão, é incapaz de pensar sobre ele.
Ø  Percepção da permanência do objeto: aproximadamente aos 18 meses (um ano e meio),a criança percebe que o objeto existe mesmo quando não está olhando para ele. Ela buscará persistentemente o objeto quando ele desaparecer e será capaz de imaginar para onde ele foi, quando jogado em uma determinada direção.
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·        2º Estágio (anos pré-escolares, de 2 à 7 ou 8 anos): PENSAMENTO INTUITIVO OU SIMBÓLICO – ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL: a criança é capaz de usar linguagem, imagens mentais e outros tipos de símbolos para referir-se ao mundo que ela anteriormente conhecia apenas agindo diretamente sobre ele.
Ø  Mas mesmo assim, o conhecimento através de símbolos é ainda estático: a criança não pode manipular as “imagens” que carrega em sua mente. A criança torna-se capaz de usar vários tipos de símbolos com referência ao objeto manipulado.
Ø  Ao aprender a palavra bola, ela usa mais ou menos apropriadamente para referir-se a objetos redondos. Pode até arremessar uma bola de faz-de-conta, pode sonhar através de imagens mentais e imitar os movimentos de uma bola.
Ø  De um ano e meio ou 2 até os 4 ou 4 anos e meio, dentro do Estágio Pré-operacional, podemos dizer que a criança está na fase pré-conceptual, que se caracteriza por uma “assimilação egocêntrica”, que simboliza a realidade apresentada por meio de imagens particulares (centração);
Ø  Mais adiante, dos 4 ou 5 anos até uns 7 ou 8 anos, é a segunda fase do Estágio Pré-operacional, nela a assimilação e a acomodação tendem a se equilibrar. O pensamento continua sendo elaborado predominantemente com imagens e intuições, continua preso aos objetos concretos e suas qualidades perceptíveis.
Ø  Estágio intuitivo e pré-operacional: o objeto para a criança se restringe à imagem estática e a sua própria perspectiva, ela não reconhece que uma bola pode mudar sua forma e ainda manter sua massa, não reconhece que um conjunto de cinco bolas organizadas em círculo é equivalente ao mesmo número de bolas em linha reta.
·        ­3º Estágio (anos escolares, a partir dos 7 ou 8 anos até a adolescência, 11 ou 12 anos): PENSAMENTO OPERACIONAL CONCRETO: a criança é capaz de manipular as imagens mentais e outras formas de conhecimento simbólico. É o início do raciocínio com palavras e a condução de experiências simples.
Ø  A criança pode apreciar um conjunto de objetos não apenas de sua perspectiva presente, mas através do uso de “ações internas” ou “operações mentais”, do ponto de vista de uma outra pessoa, situada em outro lugar.
Ø  Em sua mente, a criança pode nesse estágio, andar para trás e para frente, entre duas perspectivas sobre a mesma cena, utilizando a operação central de reversibilidade e assim pode conservar números e também classificar e seriar. Pode dar uma definição simples da palavra bola e reconhecer que um objeto pode ser ao mesmo tempo uma bola, um brinquedo e uma coisa redonda.
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·        4º Estágio (começa no início da adolescência, 11 ou 12 anos): OPERAÇÕES FORMAIS: a criança torna-se capaz de desempenhar ações mentais sobre símbolos e entidades físicas. Pode escrever equações, pronunciar proposições e desempenhar manipulações lógicas sobre seqüências e símbolos, combinando, contrastando e negando estes.
Ø  A criança torna-se capaz de postular e resolver problemas científicos que requerem a manipulação de variáveis relevantes. Produz abstrações mentais com relação ao objeto, além de antecipar o que acontecerá com o objeto sob diversas condições, ela pode discutir em termos de leis científicas, fazer previsões, testar hipóteses.
Ø  O jovem, no pensamento operacional formal, pode resolver problemas de raciocínio como: a bola A é maior que a bola B, a bola B é menor que a bola C, qual bola é a maior de todas? Ele tem capacidade para escrever um ensaio sobre esferas e apreciar princípios newtonianos sobre o comportamento dos objetos esféricos.

“Uma vez que assimilemos a teoria de Piaget, deveríamos então, ser capazes de abordar as crianças de um modo muito mais apropriado”

BIBLIOGRAFIA 

­MUSSEN, Paul H; CONGER, John Janeway; KAGAN, Jerome. Desenvolvimento e Personalidade da Criança. Trad. Maria Silvia Mourão Netto. São Paulo: Editora Harper & Row, 1977.p.30.

­PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Trad. Álvaro Cbral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.

­GARDNER, Howard. Arte, mente e cérebro: uma abordagem cognitiva da criatividade. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

­LANNOY, Dorin. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Ed. Do Brasil, 1982.

A COMPOSIÇÃO COMO PRÁTICA REGULAR EM CURSOS DE MÚSICA *


CONTEXTUALIZANDO

1.     Como a música – a composição musical, é entendida e tratada nos currículos das universidades e conservatórios?

·    Concepção de música que prevalece – origem histórica conhecida, relacionando-se com a musicologia na Europa (Alemanha), do século XIX;
·    Esse meio acadêmico + estética do Romantismo + divulgação literária e artística dos países europeus = tradição clássica ð “herança musical universal” ð experiência musical x ensino formal;
·    É importante considerar os outros tipos de música na educação formal?


2.     Como vemos a composição musical?

·  Na cultura dos cursos de música ð a atenção sobre o produto acabado;
·  Paradigma: privilegiar um repertório de “grandes obras”, assinadas por “grandes mestres”;
·  O estudo dos processos de criar música ð condicionado as disciplinas de um curso de composição, ou as disciplinas introdutórias ou de interesse geral – contraponto, harmonia e análise – exclusão da criação;
·  Pode a prática da composição permear os estudos musicais, conectando esses estudos?


ALGUMAS POSSIBILIDADES PARA A PRÁTICA SISTEMÁTICA DE COMPOSIÇÃO, APLICADA ÀS VÁRIAS DISCIPLINAS DO CURRÍCULO E COM REFERÊNCIA EM DIVERSOS TIPOS DE MÚSICA

·  Compor regularmente – sejam frases, seções ou músicas completas, fazendo uso dos conteúdos que estão sendo pesquisados;

·  Conectar diferentes áreas de estudo pelas composições de estudantes: possibilita verificar os resultados do aprendizado em mais de uma situação musical;

·  Constante relação entre educação musical e contexto cultural geral  em que ela acontece – gera a participação criativa do estudante como um elemento motriz de sua formação – ‘músicas’ de contornos flexíveis e locais;

·  Desmistificar o estudo de música e a prática da composição – uma perspectiva equiparada, não hierárquica, das músicas – este enfoque envolve pesquisa, crítica e intercâmbio, tanto para estudantes, como para professores.



* SILVA, José Alberto Salgado e. A composição como prática regular em cursos de música. DEBATES, nº 4. Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Música do Centro de Letras e Artes da Unirio. P.95-108.

ARTE – CULTURA – PEDAGOGIA DE PROJETOS

Partindo de sua experiência na Escola Balão Vermelho de Belo Horizonte e nos projetos de Educação Indígena, na formação de Professores Índios, Verônica trouxe sua contribuição como Pedagoga, enfatizado entre os procedimentos e recursos didáticos, os Projetos Pedagógicos, enquanto estratégia de planejamento e efetivação de um trabalho compartilhado, construído em conjunto no dia a dia da sala de aula e tendo como referência, Fernando Hernández. Da sua experiência com os índios, seu trabalho de Mestrado, pesquisando a cultura indígena, a arte como expressão pura, natural, revestida de uma intencionalidade espontânea, como fator intrínseco no homem, a arte pela arte, observada na Tribo dos Xacriabás. Expressão esta que Verônica reencontra, no trabalho marcante de Artur Bispo do Rosário, que ela se inspira para um projeto de sala de aula com as crianças da Escola Balão Vermelho e que nos relata como exemplo de um Projeto construído coletivamente.

A Tribo dos Xacriabás fica no Norte de Minas Gerais, na região próxima a Montes Claros e do Estado da Bahia, são índios que já estão miscigenados com os negros, são pobres e moram em casas de pau-a-pique. No seu trabalho, Verônica pesquisa os jogos de versos e a pintura das casas, que é uma manifestação artística peculiar e atípica. As casa são caiadas e depois pintadas, decoradas com flores, figuras do cotidiano, motivos diversos. As mulheres é que fazem essas pinturas e usam o toá, uma pedra de argila; pintam tanto por fora, quanto por dentro das casas e todos os anos as pinturas são renovadas, pois quando vem as chuvas a pintura externa sai. Eles pintam tudo novamente, inclusive por dentro. Da mesma forma que se utilizam de jogos de verso para casamentos, morte, etc., pintar as casas também é um ritual onde cada um tem seu papel, os homens preparam a casa, as paredes, fazem a caiação, as mulheres pintam, decoram. É neste ponto, que nos encantamos com esse trabalho, pois estamos diante de uma manifestação de cultura popular muito rica em expressividade. É poder analisar a arte no seu sentido mais puro e natural, não pela questão comercial ou mero suporte utilitário, mas pela necessidade de criar, do fazer artístico, da arte enquanto linguagem de expressão.
Na questão da Pedagogia dos Projetos, discutimos sobre a exposição com base nas idéias de Fernando Hernandez e na experiência de Verônica em sala de aula, com crianças e na formação de Professores. Partimos então do princípio que Projeto Pedagógico é algo programável, construído junto com a turma.

Contextualizando:

Modelo escolar excludente ð fragmentação

-   Tempo ð grade, séries, bimestre
-   Espaço ð sala de aula
-   Trabalho ð divisão de trabalho, individualismo
-   Aprendizagem ð lógica, compartimentada
-   Sujeitos: Aluno ð folha em branco; Professor ð executor de tarefa

Modelo escola não excludente

-   Tempo ð cíclico ð organizado conforme o grupo
-   Espaço ð todos os espaços são de aprendizagem
-   Trabalho ð construído em conjunto
-   Aprendizagem ð é real, tem sitgnificado, sem limites
-   Sujeitos: Professor e Aluno são ativos, participam de todo o processo, inclusive da avaliação

O que não é Projeto:
-    Processo descritivo de um tema;
-    Apresentação do que sabe o professor;
-    Processo expositivo sem problema e sem fio condutor;
-    Apresentação linear de um tema baseada em uma seqüência estável e única de passos;
-    Pensar que os alunos vão aprender o que queremos ensinar-lhes;
-    Converter em matéria de estudo o que os alunos querem aprender.

Caracterização de um Projeto de Trabalho:
-         Parte de um tema ou problema definido com a turma;
-         Inicia com processo de investigação;
-         Critérios de ordenação e interpretação das fontes;
-         Novas dúvidas;
-         Relações com outros problemas;
-         Organiza-se o processo de elaboração do conhecimento que foi conseguido;
-         Recapitula-se e avalia o que foi aprendido;
-         Se conecta com um novo tema/problema.

O que  poderia ser um Projeto:
-         Desencadeado por um tema-problema;
-         Predomínio da cooperação – o professor também é um aprendiz e não um “exper”;
-         Busca estabelecer conexões, questionando as versões únicas da realidade;
-         Cada processo é singular e trabalha com diferentes tipos de informação;
-         O docente ensina a escutar – do que os outros dizem também podemos aprender;
-         O que queremos ensinar  aos alunos, há diferentes formas de aprendê-lo (e não sabemos se aprenderão isso ou outras coisas);
-         Um tratamento atualizado do problema das disciplinas e dos saberes;
-         Uma forma de aprendizagem onde consideramos que todos os alunos podem aprender se encontrarem seu espaço;

         Por isso não se duvida de que a aprendizagem, vinculada ao fazer, à atividade manual e à intenção, também é uma forma de aprendizagem.

FONTE: Prof ª Verônica/UFJF/FACED/CEARTI/2002